Em 1950 no “Bosque Marechal Cândido
Rondon” no centro da cidade de Londrina,” Seni Lazarini” posa para uma foto histórica,
juntamente com seus jovens velhos
amigos e companheiros de
trabalho nos
canteiros de obras das primeiras grandes edificações de nossa cidade.
canteiros de obras das primeiras grandes edificações de nossa cidade.
Da esquerda para direita; “Alberto Bonafini”, “Genésio Corsini”,” Seni Lazarini”.
"Seni Lazarini" foi morador da "+"Vila Casoni".
"Seni Lazarini" foi morador da "+"Vila Casoni".
Transcrição da matéria da (FOLHA Cidades) - FOLHA DE LONDRINA - 11/09/2012)
O encanador do Bosque
Londrinense de paixão,
o paulista Seni Lazarini é responsável por obras como os banheiros da Área Central.
Micaela Orikasa
Reportagem local
Um senhor
caminha pelo Bosque Marechal Cândido Rondon no centro de Londrina, usando seu
inseparável chapéu Panamá. Ele para,
olha para cima e, com ar saudosista, fala de sua parcela na construção do local
“mais do que saudade, parece um sonho quando eu penso nesse lugar”, diz Seni
Lazarini, hoje com 85 anos.
Há
exatamente 67 anos, o paulista, filho de imigrantes italianos, foi o
responsável, junto com outros dois amigos, pela construção dos banheiros e da
caixa d’água do Bosque, em 1949. “Imagina um lugar fechado de mata nativa, com
espécies de árvores como pau d’alho e peroba-rosa. A Rua Piauí era de terra e na
Concha Acústica funcionava um ponto de ônibus”, relembra.
Ao olhar ao
redor, ele percebe as mudanças no local e lamenta: “Londrina cresceu muito
rápido e hoje esse lugar está triste. É muita sujeira de pombo e uma sensação
de abandono”, comenta ele, que ao contrário de décadas passadas, não frequenta
mais a área.
Pai de sete
filhos e avô de oito netos, Lazarini adotou Londrina como uma filha. Ainda
criança, mudou para Santa Mariana (norte pioneiro) com os pais que foram
trabalhar nas lavouras de café. Em 1946, veio para Londrina onde aprendeu a
profissão de encanador.
Seu
primeiro serviço foi na construção do Hotel Coroados, depois o Hospital
Evangélico, o antigo prédio do Cadeião e o Bosque Central, quando tinha 22
anos. Ao voltar ao passado, ele conta a alta demanda de serviços na década de
50. “Construíamos casas e ao mesmo tempo, íamos recebendo outras propostas. Era
um trabalho atrás do outro. Certo dia estávamos no topo de uma obra quando
observamos dois aviões de pequeno porte
se chocando no ar. Um deles caiu na Praça Rocha Pombo, mas quando chegamos, já
estava em chamas”, lembra, se referindo ao acidente de agosto de 1947.
Sentado
nos bancos do Bosque, ele também resgata os momentos em que o local, doado pela
Companhia de Terras Melhoramentos Norte do Paraná, era um ponto de encontro dos
londrinenses. Aos poucos, o local ia ganhando forma de praça.
Bancos
eram instalados para a alegria dos casais que aproveitavam a paisagem para
namorar, as trilhas eram utilizadas nos passeios de bicicletas pelos rapazes e
o minizoológico que existia no local fazia a diversão das crianças. “Tinha
anta, tartaruga, macaco. Nosso lazer começava aqui e terminava na Avenida
Paraná (calçadão), pois aos finais de semana a rua era fechada e se enchia de
moças, rapazes, pipoqueiros, e lambe-lambes”, destaca.
Com a
“Geada Negra” de 75, que atingiu a cidade, Lazarini mudou-se para São Paulo em
busca de trabalho, mas não conseguiu ficar longe da terra vermelha. Hoje esse
homem que teve um papel fundamental na “construção” de Londrina continua
morando na Vila Casoni (Área Central), onde conheceu a esposa, se casou e
constituiu família. E de casa, continua a observar a “pequena Londrina”
guardada na lembrança, se transformando em uma grande cidade formada por
histórias como as suas, vivas na memória.