A que me proponho nesta página:

A que me proponho nesta página:

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

"Jurisconsulta" Profª Elza César Teixeira

                     
 Moacir Teixeira e Elza César Teixeira - Jovem e belo casal de Ilustres Professores Pioneiros Londrinenses.



               Acompanhando o progresso desordenado de nossa cidade, muitas escolas iam sendo construídas e até mesmo, se adaptavam para escolas, certos ambientes como clubes e barracões. Entretanto, a demanda de professores era muito precária. Em todo o Estado eram muitos poucos os professores formados e, aqui, qualquer pessoa que tivesse um pouco a mais de instrução, poderia ser nomeado como professor leigo. Havia algumas professoras normalistas vindas de outros Estados, mas eram poucas. Minha irmã, que se transferiu de Sengés para cá, era uma dessas poucas e logo ganhou fama de ótima professora, principalmente por ser professora paulista, na época, muito valorizadas; muitas de suas colegas de trabalho, leigas, vinham tomar aulas particulares com ela. Outras pessoas, vinham pedir-lhe para escrever cartas, requerimentos, ofício, etc. e até um ou outro discursinho. Nosso pai então, a chamava de “jurisconsulta”. Era um orgulho justo do pai coruja.
                Logo foi instalada uma estação radiofônica na cidade e a jurisconsulta foi convidada a fazer um programa religioso, justamente com uma outra professora, sua amiga. A emissora inaugurada chamava-se  ZYD4 – “Radio Difusora de Londrina”. Diariamente, no horário do almoço, meio dia, elas alternavam-se nos programas, que eram curtinhos mas que anunciavam o amor de Deus e os ensinamentos de Jesus.

Transcrição:
Texto: Jurisconsulta – pág. 64
Livro: Tantos Anjos
Autora: Paulina de Oliveira César

Considerações:
Professora “Elza César Teixeira”  Pioneira na Educação Londrinense, casada com o Professor “Moacir Teixeira”, também Educador Pioneiro, ministrou aulas desde 1940 até a sua aposentadoria, nos Colégios:  Londrinense, Vicente Rijo, Hugo Simas.





Profª Elza com sua primeira Turma no Hugo Simas década de 40




Profª Elza com alunos do Hugo Simas

terça-feira, 26 de agosto de 2014

"Vida de Ginásio"

              Alunas  da  Turma de 1944 do Ginásio Londrinense  em 15/09/44 no Bosque de Londrina                                       
         Em pé, da esquerda para direita: Circe Rocha Loures Bueno, Arany Mascaro Garcia, Celma de Azevedo, Kilda Gomes Prado, Silvandira Ferraresi. Sentadas: Dulce Bonalumi, Dorothéa Passos, Esmeralda Silveira Cintra.
   

              Aqueles quatro anos de ginásio, foram os melhores anos da minha vida! Meu colégio chamava-se Ginásio Londrinense e era pioneiro do ensino secundário em Londrina. Vivíamos os anos mais terríveis da 2ª Guerra Mundial e por esse motivo, por essas circunstâncias, nosso curso assumia um caráter de muita seriedade e de muita responsabilidade, sem permitir entretanto que as dores do mundo nos atingissem completamente, embora o idealismo e o patriotismo fossem reais e muito fortes em todos os nossos objetivos. Os professores eram excelentes, alguns severos e exigentes, outros mais maleáveis e bonzinhos, mas todos “mestres verdadeiros”.
               O professor de português gostava de dar castigos, quando nosso desempenho o decepcionava: copiar 200, 300 e até 500 vezes, trechos de Rui Barbosa, em sua “Oração aos moços”; decorar longos poemas e declama-los na sala de aula. O professor de latim, fazia os discursos mais lindos sobre os gregos e romanos, enquanto íamos decorando as declinações mais complicadas; até inventamos um corinho para cantarmos nos momentos de pausa, quando Camões, Cícero, Homero e Virgílio se aquietavam para o mestre fumar seu cigarrinho, na sala de aula. Alguns professores tinham apelidos: o que tinha um nariz muito grande, era o Bitusa, numa analogia ao ângulo obtuso; o que cortava nossas notas ao sabor da sua vontade e na medida que o enfurecíamos com as nossas brincadeiras, era o Bisturi; conforme o mestre fosse mais amigo, ou mais bravo, haviam outros apelidos, como: Bodinho, Bambi, Coruja e outros bichos mais. Todos os alunos eram muito amigos e sempre que um ou outro enfrentava problemas, todos se uniam para ajuda-lo. Tivemos um Grêmio Esportivo e Literário que marcou época; editávamos uma revista, na qual muitos colegas iniciaram suas carreiras jornalísticas, poetas e políticos.
             Vinte anos depois de concluirmos o curso, nos encontramos pela primeira vez, encontros e reencontros que aconteceram e acontecem ainda, de 5 em 5 anos. Também os nossos ex-professores participavam dessas festas. No decorrer dos anos, mestres e colegas, muitos deles morreram e os encontros foram ficando cheios de recordações tristonhas... Mas essa turma tem um lema, adotado desde a primeira festa: “Quem viver virá”! E assim que completamos 50 anos de formatura, o nosso jubileu, fizemos uma festa muito grande e bonita; fomos homenageados pela Câmara de Vereadores e tivemos o privilégio de editar um número de uma revista, onde todos os ex-alunos puderam escrever algo, sobre suas vidas ou mesmo recordando o tempo de ginásio. O destaque dessa edição é que alguns exemplares da nossa revista foi colocada numa urna, junto com muitos outros documentários sobre a nossa cidade, para ser aberta cem anos depois; essa urna está guardada no Museu Histórico de Londrina.
               Os reencontros da turma são alegres e saudosistas. Recordamos as brincadeiras do tempo do colégio, inclusive aquelas que eram perigosas, como roubar frutas na chácara do japonês, perturbar as aulas com as célebres musiquinhas produzidas por giletes pregadas nas carteiras, trote aos calouros, mentiras para salvarmos as peles nos apuros, os namoros escondidos, as paixões recolhidas, etc. Também cantamos e recantamos as canções que embalaram aqueles quatro anos como a canção da Luz, do Expedicionário, Cisne Branco, Marselhesa e muitas outras. Cantamos também as composições de um dos colegas que era o “galã da turma” e o chamávamos de Castro Alves, em homenagem a sua vasta e brilhante cabeleira. O tempo levou-lhe impiedosamente, a cabeleira fio por fio, mas felizmente, lhe conservou a musa e a inspiração.
              Obedecendo ao lema adotado, “Quem viver virá”, penso que por mais algumas vezes, haverá encontros, cada vez menores, bem sabemos, até que um dia, um único ex-aluno da primeira turma do Ginásio Londrinense, estará levando rosas para os seus amigos!


Transcrição:

 Texto: “Vida de Ginásio” – págs. 89, 90, 91
Livro: Tantos Anjos

Autora: Paulina de Oliveira Cesar
Colegas de turma que cultivam a amizade da adolescência até hoje, regada com muito amor, e companheirismo;  as  lindíssimas jovens, Silvandira e Paulina (autora do texto).


segunda-feira, 25 de agosto de 2014

"Assentando Paralelepípedo"

                   

           Londrina crescia assustadoramente; construções e mais construções surgindo, o comércio se avolumando, gente e mais gente chegando, um visível progresso em todas as áreas da cidade. Londrina caminhava a passos largos para ser a “capital do café”. Os governantes da cidade entenderam que chegara a hora de cobrir o barro vermelho e pegajoso das ruas com um calçamento; então foi calçada a primeira avenida, com paralelepípedos de pedra e depois dessa, outras muitas ruas foram também calçadas; meu irmão “Olavo” foi um dos operários que trabalhou nessa empreitada e sempre teve o maior orgulho de contar aos outros que no chão de Londrina havia um pouco de seu suor e até um pouquinho de seu sangue, pois ao martelar as pedras para que se encaixassem bem umas nas outras, usava um martelo pesado que lhe feria as mãos.
           “Olavo” sempre foi um moço meio arredio e gostava desse tipo de trabalho; quando criança, em Itaporanga e depois em Sengés, trabalhou como os ouros irmãos, na venda do leite, no pastoreio do gado, mas não se sujeitava muito as ordens da casa; não quis ser tipógrafo e nem livreiro; preferia sempre trabalhar para os de fora, ter uma vida mais livre principalmente longe dos sermões, que não faltavam nunca, entremeado com a paz e a tranquilidade do nosso lar. Mamãe estava sempre contando que quando garoto, “Olavo” vinha sempre machucado para casa, pois era dono de uma briguinha na rua. Moço, era muito namorador, e naquele tempo em que as donzelas eram guardadas a sete cheves, ele conseguia aprontar algumas aventuras amorosas, que deram muito o que falar e que deram muito trabalho para papai livrá-lo de certas enroscadas, com os pais das ditas cujas. Mas, enquanto ia assentando as pedras da calçada, ia namorando as moças que passavam e um dia aconteceu passar por ali, a “jovem Jove”, por quem se apaixonou e por quem deixou partir seu coração, até então, duro como as pedras da rua; casaram-se, viveram felizes e tiveram muitos filhos!
Foto da década de 50, na fazenda da fámíla em Paranavai, Olavo de Mello César com seus 11 filhos: direta para esquerda: Olavo, Tersio, Terseu, Olavinho, Maria, Tarciso, Teodorico, Teodomiro, Teolinda, Tadeu, Telma, Telmira e sua esposa Jovelina Bastos 

Referência:

Transcrição do Texto: “Assentando Paralelepípedos” pág.62, 63
Livro: “ Tantos Anjos”
Autora: Paulina de Oliveira César