Num dia do mês de fevereiro, chegamos
nós aqui. Minha mãe, minhas irmãs e eu, que nosso pai, com os filhos homens já
viera antes, de caminhão, com o grosso da mudança. Para chegarem até aqui,
atravessaram de balsa, o rio Tibagi onde meu irmão foi picado
pelo pernilongo anofelis. Chegou já
tiritando de febre, maleitoso, como acontecia com quase todos os que vinham
pelo Tibagi.
Agricultores da Colônia Lorena, fazem a derriça no pano.
Década de 50
Começamos a trabalhar na nossa
gráfica, blocos de notas para os comerciantes, folhinhas, boletins, cartões e
etc. Logo apareceram outros impressos e entre eles, um bem original:
“jornal
escolar”. Aqui só havia um Grupo Escolar, o “Hugo Simas” e as professoras editavam mensalmente aquele pequeno
jornal, com trabalho dos alunos. Eram trabalhos muito bons, bem escritos, que
bem revelavam, na cidade inculta, a preocupação das mestras em formarem os
futuros cidadãos de Londrina. E por falar no Grupo Escolar, lembro-me das
filas enormes que se formavam na porta da Escola, no início do ano letivo, para
se conseguir vagas para as crianças...havia pais que levavam cadeiras e
passavam até a noite, sentados, para não perderem a vez de matricular seus
filhos. Depois foram surgindo outras Escolas: a
“Alemã”, a “Japonesa”, o "3º Grupo Escolar", lá na rua Mato Grosso. Quando os alunos concluíam a 5ª série, (naquele tempo o primário ia até a 5ª série), faziam enormes festas, com quadro de formatura, bailes e tudo o mais.
Era Londrina tentando se afirmar.
"Hugo Simas" 1940 - Profª Elza Cesar Teixeira e alunos prim. Turma
"Hugo Simas" 1942 - Corpo Docente: 10 Aparecida Gavetti, 14 Ruth De Múzio, 13 Elza César, Iracema de O. Camargo, 01 Maria Aparecida (Tutica).
"3º Grupo Escolar" 1950 - Corpo Docente: Vanda Marília, Ana Faria, Kasuko Iakashashi, Kilda Prado, Isabel Sanches, Henedina Cardoso Cunha, Wanda G. Lopes, Guiomar Acorsi, Manuela Marques (diretora), Matilde Lopes, Jusih Pecorasi, Heloisa Curotto.
"3º Grupo Escolar" 1950 - Corpo Docente: Esq. 1ª f. sent. Kilda Prado Gimenez
Primeira Escola Japonesa de Londrina. Escola Isolada Fernão Dias - Colônia Lorena
Foto dos anos 50 registra a formatura da Turma da 4ª série, do Professor Water Okano , ao lado dos pais e professores Corina e Eizo.
Formatura do 1º Grau de 1952, no centro os Professores : Mário Eizo e Corina Mantovan Okano, (1ª direita) Lélia Okano, e os demais formandos e convidados.
Foto da Exposição Agrícola da "Escola Fernão Dias" da Colônia Lorena em 1954. Presentes o Prefeito Milton Meneses Professres: Eizo Okano, Corina Mantovan Okano, o Jovem Professor Water Okano, alunos e convidados.
Escola da Colônia Lorena no desfile de 7 de setembro - década de 50
Mário Eizo Okano e Corina e Mantovan os "Nobres Professores" da Colônia Japonesa.
E os bailes?
Havia dois clubes: o “Redondo”,
frequentado pela elite e o “Quadrado”,
para os frequentadores de classe
média...Mas todos se divertiam, todos se alegravam na compensação do trabalho árduo de cada dia.
Havia um cinema, o “São José”, que exibia nos finais de semana, os filmes do
“Far-West”, tão apreciados pelos
adultos, jovens e crianças daquele tempo. E a sessão
do “pão duro”? Mulheres não pagavam ingresso, e era a oportunidade
das moças mais simples e pobres se deliciarem com seus heróis cinematográficos.
"Casas Pernambucanas", ali, bem naquele lugarzinho onde está até hoje. Foto de Carlos Stenders.
O
comércio ativo e movimentado. A
“Casa Fugante” era uma potência, vendia de tudo, desde móveis, fogões,
tecidos, até instrumentos para a lavoura. Numa cidade que acabava de nascer,
não podia faltar a
“Casas Pernambucanas”, ali, bem naquele lugarzinho onde está até
hoje. Ferragens, era na
“Minatti” e armazéns de secos e
molhados se podiam contar uns 20 ou mais.
A igrejinha de madeira, branquinha, já
estava pronta. Batendo o sino, todos os dias às 6 da manhã e às 6 da tarde,
chamava os fiéis que, dobrando os joelhos, agradeciam aos céus, pelo sol que
brilhava, pela chuva que molhava a terra, a terra que os estava enriquecendo!
"Igreja de Madeira" em primeiro plano, ao fundo a nova construção.
Igreja de Londrina, nova e antiga em 1935
Transporte de tora de Peroba década de 30. Acervo Museu Histórico.
E as árvores imensas, seculares,
iam-se tombando, permanecendo deitadas no solo, até que as serrarias mandassem
buscá-las...as serrarias que as transformavam em tábuas amarelinhas e
avermelhadas que, por sua vez, se transformavam em casas que eram pintadas de
cores fortes, numa defesa contra a poeira e o barro que sujava tudo.
A poeira fininha que se
levantava como grandes nuvens e se assentava depois nos móveis, nas paredes, no
chão, nas calçadas...e a mulherada limpando, sempre limpando, esfregando tudo, enchendo
as calçadas, a frente das casas e os quintais de pó-de-serra que a criançada
buscava nas serrarias.
O pó-de serra das mil e uma utilidades, que
era usado também para aquecer os fogões dos pobres, ferver roupa, aquela roupa
suja de barro, de poeira, de terra vermelha...
Convite do 2º Leilão dos Pioneiros - 02/03/96 - Acervo: Sueli Ferrari Mestre
Foto: José Juliani Acervo Museu Histórico de Londrina .
Se não era a poeira, era o barro
pegajoso, liso, escorregadio. E porque a lama era um desafio aos que precisavam
sair de casa, andar pelas ruas, inventaram os
limpa-pés...quadrados de madeira com suportes para as mãos e com
barras de ferro atravessadas pelo meio. Batizados com o nome de
“Geme Paulista”! Porque de todos os gentílicos que
iniciaram a colonização desta região, os paulistas eram os que mais sofriam e
reclamavam das “durezas”
Década de 40, os paulistas, Genézio Cursino, Seni Lazari e amigo, "Cidadãos da Vila Casoni"
conheciam muito bem o "Geme Paulista".
Em cada porta, havia um ou dois. A
gente ia andando e enchendo os sapatos de barro...quando não dava mais para se
andar, parava-se em uma porta qualquer, para raspar o barro do pé. Ninguém
brigava, ninguém xingava, e nem reclamava porque alguém estava usando o seu limpador de pés;
era o preço da solidariedade que irmanava toda uma cidade de gente destemida,
dos pés vermelhos, que pisavam o chão e que deixavam nele, as poeiras do
trabalho, do esforço, do progresso! “Os pés vermelhos”, que marcaram
uma época, definiram uma população e até, ditaram a moda...a moda das botas de
couro, cano alto, que todos, homens e mulheres usavam nas estações chuvosas e
que davam as moças um jeito lindo de andar.
"Ginásio Londrinense" Década de 40
Solenidade de Inauguração do Prédio em 1939, na foto o fundador "Jonas de Faria Castro, sua esposa D. Francisca Hosken de Faria Castro, diretor Dr. Rui Ferraz de Carvalho e esposa D. Helena Faria Castro Carvalho e autoridades.
"Professores Pioneiros" Ano de 1944.
1º plano: Esq. Antonio Martins Corrêa, Ruth de Múzzio, Moacyr Teixeira, Dr. Justiniano Clímaco da Silva.
2º plano: Rui Ribeiro, Vitorino Gonçalves Dias, Dr.Jonas de F. Castro Filho, Rui Ferraz de Carvalho.
Em 1952, Corpo Docente - na transv. da esq.Jurgel Jacobs Pulls, (ni), (ni), (ni), Edir, Enio Romagnoli, Samuel Moura, Nestor Fernandes da Siva, (ni) Elza do Nascimento Pinto, Magnólia Maggioni, Henrique Procchaska, Odésio Franciscon, Fernanda Giran, (ni), (ni), Almo Saturnino Vieira Magalhães, Diretor "Zaqueu de Melo", Izaura Marra de Melo, (ni), Nilce Marinho, (ni), Francisco X. C. Couto da Costa, Dalva Boa ventura, Sara de Melo Marinho, Vitória Maggioni, Carmelita Palma.
Diretor Zaqueu de Melo e membros do Corpo Docente do Colégio
Em 1941
começou a funcionar a primeira
Escola de Ensino Secundário. Era o “Ginásio
Londrinense”, construído para educar os jovens que moravam em Londrina,
ansiavam por novos conhecimentos e não possuíam condições para estudar fora, em
São Paulo ou Curitiba.
Entre as altas figueiras que estendiam
seus galhos para dar sombra aos que passavam, o Ginásio Londrinense abriu seus ramos para ministrar o ensino e transmitir
a cultura para uma plêiade de quase
heróis. Como as sementes que se lançavam na terra norte-paranaense, essa
Casa de Ensino germinou com força total, floresceu, frutificou e, para
atestá-lo, Londrina conta hoje com o COLÉGIO
LONDRINENSE, vitorioso, “CINQUENTA
ANOS EDUCANDO LONDRINA”.
Os anos foram se sucedendo...1941...1942...1943...
Época de guerra para o mundo, de ditadura para o Brasil...Reinava um
acendrado sentimento de civismo em todos os jovens e, cada um, era um soldado
em potencial, pronto a dar a própria vida pela defesa da Pátria se ela assim o
exigisse. No Ginásio os estudantes se inflamavam de patriotismo. As datas
cívicas eram comemoradas com todo o ardor da juventude e o rigor dos mestres
altamente compenetrados dos seus deveres. Realizavam-se desfiles escolares em
todas as datas cívicas: 15 de novembro, 7 de setembro, 10 de novembro, 21 de
abril, no Dia da Bandeira, Dia do Soldado, sempre com o mesmo entusiasmo. O
culto a Pátria era sagrado. Moços e moças prestavam continência à Bandeira ao
som do clarim e aos rufos dos tambores. As meninas declamavam poesias
patrióticas e os hinos pátrios eram entoados com respeitoso fervor.
"7 de Setembro" de 44 em frente ao palanque na Av. Paraná. Da esq. (em prim. plano) Aracy Turci, Silvandira Ferraresi, Julieta Caminhoto, Maria de Lourdes Jarreta, Leda Ottranto, Carmen Andrade.
Desfile de "15 de Novembro de 44" Dorothéa Passos, Julieta Caminhoto, Maria de Lourdes Jarreta, Leda Ottranto, Carmen Andrade.
"7 de Setembro" em 1946, Aracy Turci e Mercedes Chiconeli comandante de Pelotão
Professor Vitorino Gonçalves Dias (no centro) antes do embarque para Ourinhos, na Estação Ferroviária de Londrina, com a Turma de Basquete em 1943
Colégio Estadual Vicente Rijo
Inauguração do "Altar da Pátria" em 1964
"Fanfarra do Colégio Estadual Vicente Rijo
"7 de setembro" na década de 50.
"7 de setembro" de 1975.
Fanfarras dos Colégios: Vicente Rijo e Marista em viagem à Curitiba. Na janela do trem na Estação Ferroviária de Londrina, da esq. Adalgisa, Dionise e Dona Gabriela Rocha. Os rapazes componentes do grupo posam com o Sr. Antonio Piasentine
Época de guerra, a ditadura, de “salvo conduto” para viajar, de
correspondência censurada, de reuniões proibidas e das filas quilométricas do
“açúcar”, da “farinha de trigo”, “do pão”, principalmente. Cada família tinha o
seu cartão e, dependendo do número de familiares, era a quantidade de víveres a
que tinha o direito de comprar, com o carimbo da polícia. Às vezes, a gente
ficava sabendo que em algum sítio qualquer, podia-se comprar garapa ou
rapadura, mais ou menos à vontade e, para lá íamos, em bando às vezes, à pé,
comprar aquele “ouro doce” que enriqueceria por algum tempo, a alimentação da
família.
Certa vez, um desses passeios quase
acabou em tragédia, pois, no percurso de volta, uma tremenda tempestade
desabou, flagrando 4 jovens estudantes que vinham carregadas de garapa e
açúcar, que não resistiram a água da chuva, derretendo-se. As meninas, porém,
conseguiram chegar vivas.
Foto de 02 de novembro de 1941, domingo, Profª Elza César em passeio no bosque com amigos.
Em
1942, começaram a construir a Santa
Casa de Londrina. Naquele tempo, Santa Casa de Misericórdia e, muitos casais de namorados, iam para lá,
aos domingos, passear e pular entre as vigas de madeira, mãos dadas, que lá era
um bom esconderijo, onde seus pais nem desconfiariam que estivessem. É que
naquele tempo, andar de mãos dadas com o namorado, era coisa feia, própria de
gente sem princípios... Outro lugar, refúgio
dos amantes, era o bosque. Abrigados pelas grandes
árvores, escondidos pelas fendas das enormes raízes, trocavam juras de amor, de
amor verdadeiro, inspirados pelos poetas badalados na época, Olavo Bilac, Castro Alves, Guilherme de
Almeida:
“Só quem ama
pode ter ouvidos
Capaz de
ouvir e de entender estrelas...”
“Cortinas muito alvas na vidraça,
Um canário que canta na gaiola,
Que linda vida lá por dentro
rola...”
Hoje, aqueles amores não existem mais...viraram
folclore, viraram lembranças quase apagadas, como apagadas das lembranças foram
o “flirt” e os passeios na Avenida Paraná. Os moços, parados na lateral das ruas,
e as
moças de braços dados, duas,
três e até quatro juntas, andando de uma ponta
à outra da rua, conversando, olhando para os rapazes que lhes faziam
sinais, pedindo para acompanhá-las, quando elas os interessavam. Ali, era o
ponto chique das moças solteiras...trajavam seus melhores
vestidos godês, cheios de rendas, laços, etc. Sapatos modernos,
comprados na
“Casa Castro”,
penteados lindos, com grandes rolos no alto da cabeça, ou em lindos rolinhos,
caindo pela testa e laços de fita, também nos cabelos.
Na década de 50, as irmãs Odila e Aparecida Ferracini Lazarini, de
braços dados, exibindo seus
vestidos godês, desfilam pela Santa Catarina, rua de
"chão batido".
Silvandira Ferrarese e Paulina César, jovens e formosas com seus lindos penteados da época.

Falando-se no
“footing” daquele tempo, como esquecer dos
tipos populares que marcaram os passeios do antigo “calçadão”? O
“prefeito da Vila Nova”, era um
deles...analfabeto, usando um terno branco, sempre muito branco, ombros
exageradamente largos, com aquele andar ensaiado e cadenciado que mais parecia
um canguru. A pose e o andar, valeram-lhe o apelido, quando na verdade, a sua
profissão era de poceiro. Sim, poceiro e não posseiro, que furar poços era
profissão honesta e rendosa, uma vez que, o privilégio da água encanada era só
para os que moravam no centro da cidade, Av. Paraná, Higienópolis, Ruas Mal.
Deodoro, Mato Grosso, E as
“granfinas”,
como ficaram conhecidas as irmãs que se vestiam magistralmente “empetecadas”,
com roupas elegantes, repletas de babados, rendas, fitas no pescoço, e na
cintura, laços, laçarotes, que farfalhavam ao andar ritmado das três...ponto
batido pontualmente, todas as noites de sábados e domingos. Os “galãs” novatos
na cidade, logo caíam de amores por elas e, enquanto durou o passeio na
avenida, lá estiveram elas, no seu vai e vem.
Odila Lazarini e Valdemar Bocati, passeiam na Av. Paraná, década de 50 .
Foto do início dos anos 60. Os dois jovens do centro, da esq. Paulo Pako e Basílio Germanovix
E as quermesses? No pátio da igreja, festejando todos os santos:
São João, São Pedro, Santo Antônio Casamenteiro, padroeira da
cidade e todos os outros, de guarda, que era necessário angariar dinheiro
para a construção da
igreja grande e
bonita, que ia se erguendo
em volta
daquela pequenina, onde se realizaram os primeiros casamentos e os primeiros
batizados dos verdadeiros filhos da terra. Nas quermesses, os
“correios elegantes” que, por
brincadeira ou mesmo de verdade, os moços e as moças trocavam bilhetinhos com
declarações de amor, tão em moda naqueles idos. No baú das recordações,
encontrei há pouco, alguns desses cartões, que reli muitas vezes...
O Tratorista "Benedito Albino" (prim. plano) trabalha no canteiro de obras da Catedral na década de 40.
Luciano Ferracini Taxista do "Ponto Chique" na "Catedral de Londrina" década de 60.
Casamentos realizados na Igreja Matriz de Londrina, de três filhas e dois filhos de Alberto Lazarini e Ida Ferracini "Zeladora do Apostolado da Oração no Centro de Londrina" .
Da esq. p/ direita: Odila
Lazarini e valdemar Bocati - Thereza Albino e Seni Lazarini - Malvina Zulian e
Antonio Lazarini - Eva Adenir Lazarini e Antonio Joaquim Bastos - Maria Natalina
Lazarini e Manoel Carrasco Ruiz - Lucia Lazarine e Adilio Bonzanino.
Filhos de Famílias Pioneiras,
descendentes de valorosos Imigrantes; Italianos, Espanhões e Portugueses; Ferracini, Lazarini, Bastos, Zulian, Bonzanino Albino, Ruiz, Bocati ( de
Cambé): todos casados na Majestosa "Catedral de Londrina" nos anos
40, e 50. Época em que era costume presentear os "padrinhos" e
"familiares" com uma foto dos noivos vestidos à caráter fotografados
pelo "Foto Estrela" lá mesmo, no estúdio fotográfico onde o cenário
caprichado para a ocasião e o fotógrafo aguardavam...na Rua Mato Grosso 792 no
centro da cidade. Para onde iam muitas vezes a pé, logo que terminava a Cerimônia
Religiosa. Seus descentes já na 5ª
geração, continuam a escrever a "História de Londrina"!
“Frio ou sol, frio ou calor,
Deixa-me
ser seu amor”.
Fulano
“Por você
meu coração suspira dia e noite...”
“Meu
coração por ti, gela...
Meus
afetos por ti são...”
“Por você, sou capaz de engolir um guarda-chuva aberto”.
1944!
Londrina já não é mais a mesma.
Cresceu,
ficou moça bonita e faceira!
As ruas, calçadas com
blocos de paralelepípedo,
bela
praça ao
lado da igreja,
altar da Pátria no centro da praça, discursos inflamados nas datas
nacionais, o
“Cine Jóia”, na AV. Rio
de Janeiro, com sessões diuturnas e a moçada suspirando paixões, vendo filmes
românticos como: “A ponte de Waterloo”, “Pirata dos sete mares”, “Sangue e
areia”, “O morro dos ventos uivantes”, protagonizados pelos galãs, lindos de
morrer, Tyrone Power, Errol Flynn, Clarck Gable...com mulheres que eram “uma
uva”, como Ingrid Bergman, Joan Crawford, Vivian Leigh, etc.
Paço Municipal, e o Prédio da Associação Comercial, ostentando bem no alto a estátua de 'Mercúrio" Deus do Comércio.
O prédio construído para a Estação
Ferroviária, constituía obra de arquitetura monumental...O prédio da Associação
Comercial, era uma beleza, bem no alto, a estátua de Mercúrio, deus do comércio
conhecido pelo povão como a estátua do homem pelado que, de dedo em riste,
proclamava a todos os que passavam: “ISTO É QUE É LONDRINA!”.
Comércio Fervilhando, construções
surgindo a cada minuto, médicos, advogados, engenheiros, lavradores, operários,
chegando...chegando...Londrina crescendo...crescendo...
"Benedito Albino" trabalha na terraplanagem em frente ao Colégio Mãe de Deus nos anos 40.
Turma de 1944 - Ginasianos Pioneiros de Londrina
Alunas da Turma de 1944, em pé: Circe Rocha Loures, Arany Molina, Celma Azevedo Reis, Kilda Prado, Paulina César, Silvandira Ferraresi. Sentadas: Dulce
B onalumi, Dorothea Passos, Esmeralda Silveira Cintra.
10/12/1944 - Missa de Ação de Graças da Turma Pioneira. Esq. Celma Azevedo, Salete Sahão, Esmeralda Cintra, Paulina César, Pedro Faria, Kilda Gomes do Prado, Dorothéa Passos, Jair Gomes, Cacilda Passos
E o Ginásio Londrinense, lá no alto da Quintino Bocaiúva, crescendo
também, enchendo-se de novos alunos, preparando-se para diplomar a sua primeira turma de ginasianos. A festa foi no salão
nobre da Associação Comercial. O
paraninfo da turma, proferiu um magistral discurso, escrito para ser lido,
ouvido e seguido até 50 anos depois, sem perder o sentido da realidade. Um aluno, orador da turma, também discursou, fazendo vibrar os
presentes à solenidade, que o mestre a quem sempre imitou e seguiu foi o grande
Rui Barbosa, “Águia de Haia”, que emprestou seu nome ao Grêmio Estudantil, fundado naquele
Educandário, por aquela turma de
pioneiros. Depois aconteceu o baile, a valsa dos formandos e a valsa da
despedida:
“Adeus, amor,
eu vou partir
Para as
glórias do porvir”
...E o
“porvir”, chegou para todos eles.
Após 45 anos, juntos novamente os "Ginasianos Pioneiros", em 15 de outubro de 1989.
Da esq. as jovens: Silvandira, Celma Paulina, Circe, Kilda, Dorothéa, Maria Luiza, Dulce.
Da esq. os jovens: Tupan, Rubens, Gumercindo, Claudimar, Manoel, Ananias, Albino, Francisco, Cláudio, Milton, Otávio, Izaurino, Jair.
Chegou e passou...”Tempora mutantus et nos mutamos
in iles” como bem lembrou, nestes dias, o nosso querido ex-mestre, Dr. Clímaco.
1944: 50 anos depois, curtindo a
saudade daqueles que não resistiram aos embates do tempo, aqueles estudantes
novamente se reencontraram, não mais como colegas de classe, mas como amigos,
mais que amigos, como irmãos.
E, relembrando ainda, o poeta da
mocidade, Guilherme de Almeida, eles estarão repetindo:
“E por nós,
na tristeza do sol posto,
Hão de
falar-te as rugas do meu rosto
E hão de
falar-me os teus cabelos brancos...”
Só
Londrina não envelheceu...
À semelhança da figueira que abriu seus
braços, um dia, o grande perobal abriu clareiras na floresta e lá plantou uma
Universidade, transformando “A TERRA DOS HOMENS DE PÉS VERMELHOS”, em terra de
homens e mulheres cultos, de “cabeças feitas”.
PÉS VERMELHOS DAS DÉCADAS DE 30, 40, 50, 60.
Baile de Formatura, das Primeiras Professoras formadas em Londrina em dezembro de 1946 no Grêmio Literário e Recreativo Londrinense.
Da esq. Maria Aparecida Luz, Alice Rodrigues Martins,Carmen Luz, Aparecida Conceição Ferreira, Wanda Claro de Oliveira, Kilda Gomes do Prado, Ruth Roehrig, Célia Gonçales Vicente, Silvandira Ferraresi, Maria Aparecida Batista, Neyde Reichert, Leony Roehrig, Dulce Bonalumi.
Mulheres cultas de "CABEÇAS FEITAS"
E o baile
continua...
A história ainda não acabou...
A Londrinense Maria Elena Bonzanino e o Paulista Dorival Ferreira Alves, Ginasianos do Colégio Londrinense iniciam uma "História de Vida" no "Marco Zero" de Londrina caminhando pela Linha Férrea em 07 de setembro de 1965.
Referências:
Livro: "OLHO NO OLHO" Water Okano
Por Teresa Godoy
Livro: "TANTOS ANJOS"
Autora: Paulina Cesar de Oliveira
Livro: GINÁSIO LONDRINENSE
Por: Kilda Gomes do Prado Gimenez
Paulina César Silveira
Silvandira Ferrarese de Almeida
Livro: Do Ginásio Londrinense à UNIFIL
A EDIFICAÇÃO DE UMA HISTÓRIA
A Trajetória Histórica do UNIFIL
Por: Agnaldo Kupper e Paulo André Chenso
Revista comemorativa do jubilei de formatura dos pioneiros do ensino secundário de Londrina.
"REVISTA do Ginásio Londrinense.
NUM. 1 - Londrina, junho de 1943 - ANO 1
Pág. 34 a 37.
Fontes de Pesquisa Oral: Diversas
Agradecimentos a todos que colaboraram com o trabalho.