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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

"DO CAFEZAL AO PEROBAL"...UMA HISTÓRIA A SER CONTADA.


D O    C A F E Z A L




"Colônia Lorena" na década de 50
                                          Veículo da Cooperativa Agrícola de Cotia de Londrina
                                                         
                                     
                                                     A O    
   

                                                       

                                                                    PE R O B A L

                                               
                                               


         
                                                UMA    HISTÓRIA   A   SER  CONTADA


                                                                                 por




                                                         Paulina César Silveira

         1940!
         Foi quando conheci Londrina.   
         O trem de ferro, apinhadinho de gente na sua interminável fila de vagões-passageiros, resfolegava sobre seus trilhos que, por sua vez, descansavam nos intermináveis dormentes de madeira. E o chefe do trem, uniforme azul marinho, bonezinho claro, onde se liam as letras “RVPSC” que significavam Rede Viação Paraná Santa Catarina, ia anunciando, a cada estação: Frei Timóteo, Cornélio Procópio, Cambará, Jataí, Ibiporã e, finalmente, Londrina.
         ...E o pátio da estaçãozinha ferroviária se entulhava de malas, peneiras, tachos, foices, enxadas, sacos, pacotes e todo um mundaréu de coisas que eram parte das mudanças que o povo trazia para a nova residência, para a nova vida, na nova cidade...



Foto de José Juliani da Estação Ferroviária em 1936. Acervo de Carlos Neves Lopes

         Num dia do mês de fevereiro, chegamos nós aqui. Minha mãe, minhas irmãs e eu, que nosso pai, com os filhos homens já viera antes, de caminhão, com o grosso da mudança. Para chegarem até aqui, atravessaram de balsa, o rio Tibagi onde meu irmão foi picado pelo pernilongo anofelis. Chegou já tiritando de febre, maleitoso, como acontecia com quase todos os que vinham pelo Tibagi.
         Meu pai trazia no caminhão, além dos móveis, panelas e pratos, uma pequena tipografia e, no coração dele e de minha mãe, uma enorme vontade de trabalhar e vencer.
         Naquela época, corria por toda a parte a fama do Norte do Paraná e os boatos de que Londrina era um Eldorado onde o dinheiro corria fácil, tão fácil que se podia ajuntá-lo nas ruas, puxando-o com um rodo...e outras histórias fantásticas que criaram em torno desta terra roxa, tão exuberante e tão maravilhosamente prodigiosa.
         Nem todos porém vinham em busca do dinheiro que brotava da terra, como minas de ouro. Os verdadeiros pioneiros, os homens que verdadeiramente construíram esta cidade, trabalharam duro, derramaram gotas de suor que fertilizaram ainda mais a terra, fizeram o cafezal crescer, vicejar e produzir as sementes que eram como pingos de ouro, fazendo pender os galhos de folhas verdinhas!


Nos anos 50 "Fazenda Primavera" em Londrina, da direita p/ esq. Danilo Zamboni (administrador), Zezinho (apel. Prof. José Martins), ....,Tatão, Francisco Brito, ....., José Carlos Barbosa.


                                       Agricultores da Colônia Lorena, fazem a derriça no pano.
                                                                     Década de 50


         Começamos a trabalhar na nossa gráfica, blocos de notas para os comerciantes, folhinhas, boletins, cartões e etc. Logo apareceram outros impressos e entre eles, um bem original: “jornal escolar”. Aqui só havia um Grupo Escolar, o “Hugo Simas” e as professoras editavam mensalmente aquele pequeno jornal, com trabalho dos alunos. Eram trabalhos muito bons, bem escritos, que bem revelavam, na cidade inculta, a preocupação das mestras em formarem os futuros cidadãos de Londrina. E por falar no Grupo Escolar, lembro-me das filas enormes que se formavam na porta da Escola, no início do ano letivo, para se conseguir vagas para as crianças...havia pais que levavam cadeiras e passavam até a noite, sentados, para não perderem a vez de matricular seus filhos. Depois foram surgindo outras Escolas: a “Alemã”, a “Japonesa”, o "3º Grupo Escolar", lá na rua Mato Grosso. Quando os alunos concluíam a 5ª série, (naquele tempo o primário ia até a 5ª série), faziam enormes festas, com quadro de formatura, bailes e tudo o mais. Era Londrina tentando se afirmar.




                           "Hugo Simas" 1940 - Profª Elza Cesar Teixeira e alunos prim. Turma




"Hugo Simas" 1942 - Corpo Docente: 10 Aparecida Gavetti, 14 Ruth De Múzio, 13 Elza César, Iracema de O. Camargo, 01 Maria Aparecida (Tutica).



"3º Grupo Escolar" 1950 - Corpo Docente: Vanda Marília, Ana Faria, Kasuko Iakashashi, Kilda Prado, Isabel Sanches, Henedina Cardoso Cunha, Wanda G. Lopes, Guiomar Acorsi, Manuela Marques (diretora), Matilde Lopes, Jusih  Pecorasi, Heloisa Curotto.


"3º Grupo Escolar" 1950 - Corpo Docente: Esq. 1ª f. sent. Kilda Prado Gimenez




Primeira Escola Japonesa de Londrina. Escola Isolada  Fernão Dias - Colônia Lorena


Foto dos anos 50 registra a formatura da Turma da 4ª série, do Professor Water Okano , ao lado dos pais e professores Corina e Eizo.



Formatura do 1º Grau de 1952, no centro os Professores : Mário Eizo e Corina Mantovan Okano, (1ª direita) Lélia Okano, e os demais formandos e convidados.



                 Foto da  Exposição Agrícola da "Escola Fernão Dias" da Colônia Lorena em 1954. Presentes o Prefeito Milton Meneses Professres: Eizo Okano, Corina Mantovan Okano, o Jovem Professor Water Okano, alunos e convidados.

Escola da Colônia Lorena no desfile de 7 de setembro - década de 50




Mário Eizo Okano e Corina e  Mantovan os "Nobres Professores"  da Colônia Japonesa.



        E os bailes? Havia dois clubes: o “Redondo”, frequentado pela elite e o “Quadrado”, para os frequentadores de classe média...Mas todos se divertiam, todos se alegravam na compensação do trabalho árduo de cada dia.
       Havia um cinema, o “São José”, que exibia nos finais de semana, os filmes do “Far-West”, tão apreciados pelos adultos, jovens e crianças daquele tempo. E a sessão do “pão duro”? Mulheres não pagavam ingresso, e era a oportunidade das moças mais simples e pobres se deliciarem com seus heróis cinematográficos.

              "Casas Pernambucanas", ali, bem naquele lugarzinho onde está até hoje. Foto de Carlos Stenders.

       O comércio ativo e movimentado. A “Casa Fugante” era uma potência, vendia de tudo, desde móveis, fogões, tecidos, até instrumentos para a lavoura. Numa cidade que acabava de nascer, não podia faltar a “Casas Pernambucanas”, ali, bem naquele lugarzinho onde está até hoje. Ferragens, era na “Minatti” e armazéns de secos e molhados se podiam contar uns 20 ou mais. A igrejinha de madeira, branquinha, já estava pronta. Batendo o sino, todos os dias às 6 da manhã e às 6 da tarde, chamava os fiéis que, dobrando os joelhos, agradeciam aos céus, pelo sol que brilhava, pela chuva que molhava a terra, a terra que os estava enriquecendo!

                                "Igreja de Madeira" em primeiro plano, ao fundo a nova construção.




Igreja de Londrina, nova e antiga em 1935




Transporte de tora de Peroba década de 30. Acervo Museu Histórico.

        E as árvores imensas, seculares, iam-se tombando, permanecendo deitadas no solo, até que as serrarias mandassem buscá-las...as serrarias que as transformavam em tábuas amarelinhas e avermelhadas que, por sua vez, se transformavam em casas que eram pintadas de cores fortes, numa defesa contra a poeira e o barro que sujava tudo.

        A poeira fininha  que se levantava como grandes nuvens e se assentava depois nos móveis, nas paredes, no chão, nas calçadas...e a mulherada limpando, sempre limpando, esfregando tudo, enchendo as calçadas, a frente das casas e os quintais de pó-de-serra que a criançada buscava nas serrarias. O pó-de serra das mil e uma utilidades, que era usado também para aquecer os fogões dos pobres, ferver roupa, aquela roupa suja de barro, de poeira, de terra vermelha...

             Convite do 2º Leilão dos Pioneiros - 02/03/96 - Acervo: Sueli Ferrari Mestre
                          Foto: José Juliani  Acervo Museu Histórico de Londrina .

                                    

        Se não era a poeira, era o barro pegajoso, liso, escorregadio. E porque a lama era um desafio aos que precisavam sair de casa, andar pelas ruas, inventaram os limpa-pés...quadrados de madeira com suportes para as mãos e com barras de ferro atravessadas pelo meio. Batizados com o nome de “Geme Paulista”! Porque de todos os gentílicos que iniciaram a colonização desta região, os paulistas eram os que mais sofriam e reclamavam das “durezas”


Década de 40, os paulistas, Genézio Cursino, Seni Lazari e amigo, "Cidadãos  da Vila Casoni"
conheciam muito bem o "Geme Paulista".

        Em cada porta, havia um ou dois. A gente ia andando e enchendo os sapatos de barro...quando não dava mais para se andar, parava-se em uma porta qualquer, para raspar o barro do pé. Ninguém brigava, ninguém xingava, e nem reclamava porque  alguém estava usando o seu limpador de pés; era o preço da solidariedade que irmanava toda uma cidade de gente destemida, dos pés vermelhos, que pisavam o chão e que deixavam nele, as poeiras do trabalho, do esforço, do progresso!Os pés vermelhos”, que marcaram uma época, definiram uma população e até, ditaram a moda...a moda das botas de couro, cano alto, que todos, homens e mulheres usavam nas estações chuvosas e que davam as moças um jeito lindo de andar.

                                               "Ginásio Londrinense" Década de 40


                                            Solenidade de Inauguração do Prédio em 1939, na foto o fundador "Jonas de Faria Castro, sua esposa D. Francisca Hosken de Faria Castro, diretor Dr. Rui Ferraz de Carvalho e esposa D. Helena Faria Castro Carvalho e autoridades.


"Professores Pioneiros" Ano de 1944.
1º plano: Esq. Antonio Martins Corrêa, Ruth de Múzzio, Moacyr Teixeira, Dr. Justiniano Clímaco da Silva.
2º plano: Rui Ribeiro, Vitorino Gonçalves Dias, Dr.Jonas de F. Castro Filho, Rui Ferraz de Carvalho.


Em 1952, Corpo Docente - na transv. da esq.Jurgel Jacobs Pulls, (ni), (ni), (ni), Edir, Enio Romagnoli, Samuel Moura, Nestor Fernandes da Siva, (ni) Elza do Nascimento Pinto, Magnólia Maggioni, Henrique Procchaska, Odésio Franciscon, Fernanda Giran, (ni), (ni), Almo Saturnino Vieira Magalhães, Diretor "Zaqueu de Melo", Izaura Marra de Melo, (ni), Nilce Marinho, (ni), Francisco X. C. Couto da Costa, Dalva Boa ventura, Sara de Melo Marinho, Vitória Maggioni, Carmelita Palma.


                              Diretor Zaqueu de Melo e membros do Corpo Docente do Colégio

        Em 1941 começou a funcionar a primeira Escola de Ensino Secundário. Era o “Ginásio Londrinense”, construído para educar os jovens que moravam em Londrina, ansiavam por novos conhecimentos e não possuíam condições para estudar fora, em São Paulo ou Curitiba.
        Entre as altas figueiras que estendiam seus galhos para dar sombra aos que passavam, o Ginásio Londrinense abriu seus ramos para ministrar o ensino e transmitir a cultura para uma plêiade de quase heróis. Como as sementes que se lançavam na terra norte-paranaense, essa Casa de Ensino germinou com força total, floresceu, frutificou e, para atestá-lo, Londrina conta hoje com o COLÉGIO LONDRINENSE, vitorioso, “CINQUENTA ANOS EDUCANDO LONDRINA”.
         Os anos foram se sucedendo...1941...1942...1943...
         Época de guerra para o mundo, de ditadura para o Brasil...Reinava um acendrado sentimento de civismo em todos os jovens e, cada um, era um soldado em potencial, pronto a dar a própria vida pela defesa da Pátria se ela assim o exigisse. No Ginásio os estudantes se inflamavam de patriotismo. As datas cívicas eram comemoradas com todo o ardor da juventude e o rigor dos mestres altamente compenetrados dos seus deveres. Realizavam-se desfiles escolares em todas as datas cívicas: 15 de novembro, 7 de setembro, 10 de novembro, 21 de abril, no Dia da Bandeira, Dia do Soldado, sempre com o mesmo entusiasmo. O culto a Pátria era sagrado. Moços e moças prestavam continência à Bandeira ao som do clarim e aos rufos dos tambores. As meninas declamavam poesias patrióticas e os hinos pátrios eram entoados com respeitoso fervor.


"7 de Setembro" de 44 em frente ao palanque na Av. Paraná. Da esq. (em prim. plano) Aracy Turci, Silvandira Ferraresi, Julieta Caminhoto, Maria de Lourdes Jarreta, Leda Ottranto, Carmen Andrade.





Desfile de "15 de Novembro de 44" Dorothéa Passos, Julieta Caminhoto, Maria de Lourdes Jarreta, Leda Ottranto, Carmen Andrade.




"7 de Setembro" em 1946, Aracy Turci e Mercedes Chiconeli comandante de Pelotão




Professor Vitorino Gonçalves Dias (no centro)  antes do embarque para Ourinhos, na Estação Ferroviária de Londrina, com a Turma de Basquete em 1943



Colégio Estadual Vicente Rijo



Inauguração do "Altar da Pátria" em 1964



"Fanfarra do Colégio Estadual Vicente Rijo

"7 de setembro" na década de 50.

"7 de setembro" de 1975.


Fanfarras dos Colégios: Vicente Rijo e Marista em viagem à Curitiba. Na janela do trem na Estação Ferroviária de Londrina, da esq. Adalgisa, Dionise e Dona Gabriela Rocha. Os rapazes  componentes do grupo posam  com o Sr. Antonio Piasentine



        Época de guerra, a ditadura, de “salvo conduto” para viajar, de correspondência censurada, de reuniões proibidas e das filas quilométricas do “açúcar”, da “farinha de trigo”, “do pão”, principalmente. Cada família tinha o seu cartão e, dependendo do número de familiares, era a quantidade de víveres a que tinha o direito de comprar, com o carimbo da polícia. Às vezes, a gente ficava sabendo que em algum sítio qualquer, podia-se comprar garapa ou rapadura, mais ou menos à vontade e, para lá íamos, em bando às vezes, à pé, comprar aquele “ouro doce” que  enriqueceria por algum tempo, a alimentação da família.
         Certa vez, um desses passeios quase acabou em tragédia, pois, no percurso de volta, uma tremenda tempestade desabou, flagrando 4 jovens estudantes que vinham carregadas de garapa e açúcar, que não resistiram a água da chuva, derretendo-se. As meninas, porém, conseguiram chegar vivas.


 Foto de 02 de novembro de 1941, domingo, Profª Elza César em  passeio no bosque com amigos.


          Em 1942, começaram a construir a Santa Casa de Londrina. Naquele tempo, Santa Casa de Misericórdia e, muitos casais de namorados, iam para lá, aos domingos, passear e pular entre as vigas de madeira, mãos dadas, que lá era um bom esconderijo, onde seus pais nem desconfiariam que estivessem. É que naquele tempo, andar de mãos dadas com o namorado, era coisa feia, própria de gente sem princípios... Outro lugar, refúgio dos amantes, era o bosque. Abrigados pelas grandes árvores, escondidos pelas fendas das enormes raízes, trocavam juras de amor, de amor verdadeiro, inspirados pelos poetas badalados na época, Olavo Bilac, Castro Alves, Guilherme de Almeida:
                                 “Só quem ama pode ter ouvidos
                                  Capaz de ouvir e de entender estrelas...”
                                                           “Cortinas muito alvas na vidraça,
                                                            Um canário que canta na gaiola,
                                                             Que linda vida lá por dentro rola...”
        Hoje, aqueles amores não existem mais...viraram folclore, viraram lembranças quase apagadas, como apagadas das lembranças foram o “flirt” e os passeios na Avenida  Paraná. Os moços, parados na lateral das ruas, e as moças de braços dados, duas, três e até quatro juntas, andando de uma ponta  à outra da rua, conversando, olhando para os rapazes que lhes faziam sinais, pedindo para acompanhá-las, quando elas os interessavam. Ali, era o ponto chique das moças solteiras...trajavam seus melhores vestidos godês, cheios de rendas, laços, etc. Sapatos modernos, comprados na “Casa Castro”, penteados lindos, com grandes rolos no alto da cabeça, ou em lindos rolinhos, caindo pela testa e laços de fita, também nos cabelos.

Na década de 50, as irmãs Odila e Aparecida Ferracini Lazarini, de braços dados, exibindo seus vestidos godês, desfilam pela Santa Catarina, rua de "chão batido".



Silvandira Ferrarese e Paulina César, jovens e  formosas com seus lindos penteados da época.


         Falando-se no “footing” daquele tempo, como esquecer dos tipos populares que marcaram os passeios do antigo “calçadão”? O “prefeito da Vila Nova”, era um deles...analfabeto, usando um terno branco, sempre muito branco, ombros exageradamente largos, com aquele andar ensaiado e cadenciado que mais parecia um canguru. A pose e o andar, valeram-lhe o apelido, quando na verdade, a sua profissão era de poceiro. Sim, poceiro e não posseiro, que furar poços era profissão honesta e rendosa, uma vez que, o privilégio da água encanada era só para os que moravam no centro da cidade, Av. Paraná, Higienópolis, Ruas Mal. Deodoro, Mato Grosso, E as “granfinas”, como ficaram conhecidas as irmãs que se vestiam magistralmente “empetecadas”, com roupas elegantes, repletas de babados, rendas, fitas no pescoço, e na cintura, laços, laçarotes, que farfalhavam ao andar ritmado das três...ponto batido pontualmente, todas as noites de sábados e domingos. Os “galãs” novatos na cidade, logo caíam de amores por elas e, enquanto durou o passeio na avenida, lá estiveram elas, no seu vai e vem.


                       Odila Lazarini e Valdemar Bocati, passeiam na Av. Paraná, década de 50 .


Foto do início dos anos 60.  Os dois jovens do centro, da esq. Paulo Pako e Basílio Germanovix


      E as quermesses? No pátio da igreja, festejando todos os santos: São João, São Pedro, Santo Antônio Casamenteiro, padroeira da cidade e todos os outros, de guarda, que era necessário angariar dinheiro para a construção da igreja grande e bonita, que ia se erguendo em volta daquela pequenina, onde se realizaram os primeiros casamentos e os primeiros batizados dos verdadeiros filhos da terra. Nas quermesses, os “correios elegantes” que, por brincadeira ou mesmo de verdade, os moços e as moças trocavam bilhetinhos com declarações de amor, tão em moda naqueles idos. No baú das recordações, encontrei há pouco, alguns desses cartões, que reli muitas vezes...


O Tratorista "Benedito Albino" (prim. plano) trabalha no canteiro de obras da Catedral na década de 40.


           Luciano Ferracini  Taxista do "Ponto Chique" na "Catedral de Londrina" década de 60.

                                            Casamentos realizados na Igreja Matriz de Londrina, de três filhas e dois filhos de Alberto Lazarini e Ida Ferracini "Zeladora do Apostolado da Oração no Centro de Londrina" .





Da esq. p/ direita: Odila Lazarini e valdemar Bocati - Thereza Albino e Seni Lazarini - Malvina Zulian e Antonio Lazarini - Eva Adenir Lazarini e Antonio Joaquim Bastos - Maria Natalina Lazarini e Manoel Carrasco Ruiz - Lucia Lazarine e Adilio Bonzanino.


Filhos de Famílias Pioneiras, descendentes de valorosos Imigrantes; Italianos, Espanhões e Portugueses;  Ferracini, Lazarini, Bastos,  Zulian, Bonzanino Albino, Ruiz, Bocati ( de Cambé): todos casados na Majestosa "Catedral de Londrina" nos anos 40, e 50. Época em que era costume presentear os "padrinhos" e "familiares" com uma foto dos noivos vestidos à caráter fotografados pelo "Foto Estrela" lá mesmo, no estúdio fotográfico onde o cenário caprichado para a ocasião e o fotógrafo aguardavam...na Rua Mato Grosso 792 no centro da cidade. Para onde iam muitas vezes a pé, logo que terminava a Cerimônia Religiosa. Seus descentes já na  5ª geração,  continuam a escrever a  "História de Londrina"!




                                  “Frio ou sol, frio ou calor,
                                    Deixa-me ser seu amor”.
                                                            Fulano
                                     “Por você meu coração suspira dia e noite...”
                                     “Meu coração por ti,  gela...
                                      Meus afetos por ti são...”
                                                            “Por você, sou capaz de engolir um guarda-chuva aberto”.
                                      1944! Londrina já não é mais a mesma.
                                      Cresceu, ficou moça bonita e faceira!


        As ruas, calçadas com blocos de paralelepípedo, bela praça ao lado da igreja, altar da Pátria no centro da praça, discursos inflamados nas datas nacionais, o “Cine Jóia”, na AV. Rio de Janeiro, com sessões diuturnas e a moçada suspirando paixões, vendo filmes românticos como: “A ponte de Waterloo”, “Pirata dos sete mares”, “Sangue e areia”, “O morro dos ventos uivantes”, protagonizados pelos galãs, lindos de morrer, Tyrone Power, Errol Flynn, Clarck Gable...com mulheres que eram “uma uva”, como Ingrid Bergman, Joan Crawford, Vivian Leigh, etc.

Paço Municipal, e o Prédio da Associação Comercial, ostentando bem no alto a estátua de 'Mercúrio" Deus do Comércio.


        O prédio construído para a Estação Ferroviária, constituía obra de arquitetura monumental...O prédio da Associação Comercial, era uma beleza, bem no alto, a estátua de Mercúrio, deus do comércio conhecido pelo povão como a estátua do homem pelado que, de dedo em riste, proclamava a todos os que passavam: “ISTO É QUE É LONDRINA!”.


         Comércio Fervilhando, construções surgindo a cada minuto, médicos, advogados, engenheiros, lavradores, operários, chegando...chegando...Londrina crescendo...crescendo...



"Benedito Albino" trabalha na terraplanagem em frente ao Colégio Mãe de Deus nos anos 40.



Turma de 1944 - Ginasianos Pioneiros de Londrina



Alunas da Turma de 1944, em pé: Circe Rocha Loures, Arany Molina, Celma Azevedo Reis, Kilda Prado, Paulina César, Silvandira Ferraresi. Sentadas: Dulce
B onalumi, Dorothea Passos, Esmeralda Silveira Cintra.


10/12/1944 - Missa de Ação de Graças da Turma Pioneira. Esq. Celma Azevedo, Salete Sahão, Esmeralda Cintra, Paulina César, Pedro Faria, Kilda Gomes do Prado, Dorothéa Passos, Jair Gomes, Cacilda Passos


          E o Ginásio Londrinense, lá no alto da Quintino Bocaiúva, crescendo também, enchendo-se de novos alunos, preparando-se para diplomar a sua primeira turma de ginasianos. A festa foi no salão nobre da Associação Comercial. O paraninfo da turma, proferiu um magistral discurso, escrito para ser lido, ouvido e seguido até 50 anos depois, sem perder o sentido da realidade. Um aluno, orador da turma, também discursou, fazendo vibrar os presentes à solenidade, que o mestre a quem sempre imitou e seguiu foi o grande Rui Barbosa, “Águia de Haia”, que emprestou seu nome ao Grêmio Estudantil, fundado naquele Educandário, por aquela turma de pioneiros. Depois aconteceu o baile, a valsa dos formandos e a valsa da despedida:
                                  “Adeus, amor, eu vou partir
                                   Para as glórias do porvir”
                                   ...E o “porvir”, chegou para todos eles.



Após 45 anos, juntos novamente os "Ginasianos Pioneiros", em 15 de outubro de 1989.


Da esq. as jovens: Silvandira, Celma Paulina, Circe, Kilda, Dorothéa, Maria Luiza, Dulce.
Da esq. os jovens: Tupan, Rubens, Gumercindo, Claudimar, Manoel, Ananias, Albino, Francisco, Cláudio, Milton, Otávio, Izaurino, Jair.

       Chegou e passou...”Tempora mutantus et nos mutamos in iles” como bem lembrou, nestes dias, o nosso querido ex-mestre, Dr. Clímaco.
        1944: 50 anos depois, curtindo a saudade daqueles que não resistiram aos embates do tempo, aqueles estudantes novamente se reencontraram, não mais como colegas de classe, mas como amigos, mais que amigos, como irmãos.


        E, relembrando ainda, o poeta da mocidade, Guilherme de Almeida, eles estarão repetindo:
                                    “E por nós, na tristeza do sol posto,
                                    Hão de falar-te as rugas do meu rosto
                                     E hão de falar-me os teus cabelos brancos...”




       Só Londrina não envelheceu...




       À semelhança da figueira que abriu seus braços, um dia, o grande perobal abriu clareiras na floresta e lá plantou uma Universidade, transformando “A TERRA DOS HOMENS DE PÉS VERMELHOS”, em terra de homens e mulheres cultos, de “cabeças feitas”.



PÉS VERMELHOS DAS DÉCADAS DE 30, 40, 50, 60.                                            


Baile de Formatura, das Primeiras Professoras formadas em Londrina em dezembro de 1946 no Grêmio Literário e Recreativo  Londrinense.

 Da esq. Maria Aparecida Luz, Alice Rodrigues Martins,Carmen Luz, Aparecida Conceição Ferreira, Wanda Claro de Oliveira, Kilda Gomes do Prado, Ruth Roehrig, Célia Gonçales Vicente, Silvandira Ferraresi, Maria Aparecida Batista, Neyde Reichert, Leony Roehrig, Dulce Bonalumi.


Mulheres cultas de "CABEÇAS FEITAS"



                                      E o baile continua...


                                      A história ainda não acabou...




         A Londrinense Maria Elena Bonzanino e o Paulista  Dorival Ferreira Alves, Ginasianos do Colégio Londrinense iniciam uma "História de Vida" no "Marco Zero" de Londrina caminhando pela Linha Férrea  em 07 de setembro de 1965.


 Referências:

Livro: "OLHO NO OLHO"  Water Okano
Por Teresa Godoy

Livro: "TANTOS ANJOS"
Autora: Paulina Cesar de Oliveira

Livro: GINÁSIO LONDRINENSE
Por: Kilda Gomes do Prado Gimenez
        Paulina César Silveira
        Silvandira Ferrarese de Almeida

Livro: Do Ginásio Londrinense à UNIFIL
           A EDIFICAÇÃO DE UMA HISTÓRIA
           A Trajetória Histórica do UNIFIL
Por: Agnaldo Kupper e Paulo André Chenso

Revista comemorativa do jubilei de formatura dos pioneiros do ensino secundário de Londrina.
"REVISTA do Ginásio Londrinense.
NUM. 1  -  Londrina, junho de 1943 - ANO 1
Pág. 34 a 37.

Fontes de Pesquisa Oral: Diversas
Agradecimentos a todos que colaboraram com o trabalho.


         

        

    



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