Londrina
crescia assustadoramente; construções e mais construções surgindo, o
comércio se avolumando, gente e mais gente chegando, um visível progresso em
todas as áreas da cidade. Londrina caminhava a passos largos para ser a “capital do café”. Os governantes da
cidade entenderam que chegara a hora de cobrir o barro vermelho e pegajoso das ruas com um calçamento; então foi
calçada a primeira avenida, com paralelepípedos de pedra e depois dessa, outras
muitas ruas foram também calçadas; meu
irmão “Olavo” foi um dos operários
que trabalhou nessa empreitada e sempre teve o maior orgulho de contar aos
outros que no chão de Londrina havia
um pouco de seu suor e até um
pouquinho de seu sangue, pois ao martelar as pedras para
que se encaixassem bem umas nas outras, usava um martelo pesado que lhe feria
as mãos.
“Olavo” sempre foi um moço meio arredio e gostava desse tipo de trabalho;
quando criança, em Itaporanga e
depois em Sengés, trabalhou como os
ouros irmãos, na venda do leite, no pastoreio do gado, mas não se sujeitava muito as ordens da casa; não quis ser tipógrafo e nem livreiro; preferia sempre trabalhar para os de
fora, ter uma vida mais livre principalmente longe dos sermões, que não
faltavam nunca, entremeado com a paz e a tranquilidade do nosso lar. Mamãe estava sempre contando que quando
garoto, “Olavo” vinha sempre
machucado para casa, pois era dono de uma briguinha na rua. Moço, era muito
namorador, e naquele tempo em que as
donzelas eram guardadas a sete cheves, ele conseguia aprontar algumas
aventuras amorosas, que deram muito o que falar e que deram muito trabalho para
papai livrá-lo de certas enroscadas, com os pais das ditas cujas. Mas, enquanto ia assentando as pedras da
calçada, ia namorando as moças que passavam e um dia aconteceu passar por
ali, a “jovem Jove”, por quem se apaixonou e por quem deixou
partir seu coração, até então, duro
como as pedras da rua; casaram-se, viveram felizes e tiveram muitos filhos!
Referência:
Transcrição do Texto: “Assentando
Paralelepípedos” pág.62, 63
Livro: “ Tantos Anjos”
Autora: Paulina de Oliveira César
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