A que me proponho nesta página:

A que me proponho nesta página:

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

"Assentando Paralelepípedo"

                   

           Londrina crescia assustadoramente; construções e mais construções surgindo, o comércio se avolumando, gente e mais gente chegando, um visível progresso em todas as áreas da cidade. Londrina caminhava a passos largos para ser a “capital do café”. Os governantes da cidade entenderam que chegara a hora de cobrir o barro vermelho e pegajoso das ruas com um calçamento; então foi calçada a primeira avenida, com paralelepípedos de pedra e depois dessa, outras muitas ruas foram também calçadas; meu irmão “Olavo” foi um dos operários que trabalhou nessa empreitada e sempre teve o maior orgulho de contar aos outros que no chão de Londrina havia um pouco de seu suor e até um pouquinho de seu sangue, pois ao martelar as pedras para que se encaixassem bem umas nas outras, usava um martelo pesado que lhe feria as mãos.
           “Olavo” sempre foi um moço meio arredio e gostava desse tipo de trabalho; quando criança, em Itaporanga e depois em Sengés, trabalhou como os ouros irmãos, na venda do leite, no pastoreio do gado, mas não se sujeitava muito as ordens da casa; não quis ser tipógrafo e nem livreiro; preferia sempre trabalhar para os de fora, ter uma vida mais livre principalmente longe dos sermões, que não faltavam nunca, entremeado com a paz e a tranquilidade do nosso lar. Mamãe estava sempre contando que quando garoto, “Olavo” vinha sempre machucado para casa, pois era dono de uma briguinha na rua. Moço, era muito namorador, e naquele tempo em que as donzelas eram guardadas a sete cheves, ele conseguia aprontar algumas aventuras amorosas, que deram muito o que falar e que deram muito trabalho para papai livrá-lo de certas enroscadas, com os pais das ditas cujas. Mas, enquanto ia assentando as pedras da calçada, ia namorando as moças que passavam e um dia aconteceu passar por ali, a “jovem Jove”, por quem se apaixonou e por quem deixou partir seu coração, até então, duro como as pedras da rua; casaram-se, viveram felizes e tiveram muitos filhos!
Foto da década de 50, na fazenda da fámíla em Paranavai, Olavo de Mello César com seus 11 filhos: direta para esquerda: Olavo, Tersio, Terseu, Olavinho, Maria, Tarciso, Teodorico, Teodomiro, Teolinda, Tadeu, Telma, Telmira e sua esposa Jovelina Bastos 

Referência:

Transcrição do Texto: “Assentando Paralelepípedos” pág.62, 63
Livro: “ Tantos Anjos”
Autora: Paulina de Oliveira César

Nenhum comentário:

Postar um comentário